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A cidade que olhou para o mar

Há mais de três décadas, João Pessoa fez uma escolha corajosa.

Enquanto boa parte das cidades brasileiras crescia às pressas, empilhando concreto sobre a paisagem, a capital paraibana decidiu preservar o que tinha de mais valioso: a sua orla livre, humana e viva.

Foi no final da década de 1980 que nasceu a Lei do Gabarito, aquela que limitou a altura dos prédios à beira-mar e, por isso, enfrentou resistência. Diziam que ela travaria o crescimento, afastaria o turismo e sufocaria o desenvolvimento.

Mas a história — e os números — mostraram o contrário.

João Pessoa seguiu crescendo, sim. Mas com equilíbrio, com identidade, com pertencimento.
E hoje, justamente por ter dito “não” aos paredões de concreto, a cidade é o terceiro destino mais procurado do mundo — segundo o Booking.com.
Sim, do mundo.

O aeroporto da capital foi o que mais cresceu no Nordeste em 2025: 34,4% de aumento no fluxo aéreo.

E o faturamento do turismo ultrapassou R$ 244 milhões apenas no primeiro trimestre deste ano.
Esses números não nasceram do acaso: são fruto de uma cidade que entendeu que o verdadeiro luxo é poder ver o sol se pôr no horizonte.

A Lei do Gabarito não engessa o futuro — ela protege o que nos faz únicos.

Ela garante que o vento ainda chegue às ruas, que o mar ainda abrace a cidade, que a vida ainda aconteça na calçada.

Ela é o antídoto contra a pressa de um urbanismo que, muitas vezes, destrói o que promete desenvolver.

Em tempos em que se confunde “progresso” com “verticalização”, João Pessoa é a prova viva de que crescer com equilíbrio é o verdadeiro avanço.

Preservar a orla é preservar a alma da cidade.

E esse é o tipo de legado que não se mede em metros quadrados, mas em orgulho e pertencimento.

A Lei do Gabarito é o que há de mais moderno em João Pessoa — porque olha para o futuro sem esquecer o horizonte.